Bérurier Noir | Uma exposição na Biblioteca nacional francesa e duas playlists exclusivas!

Entre os dias 27 de fevereiro e 28 de abril de 2024, a Biblioteca Nacional da França (BnF) será o palco da aguardada exposição “Dans les archives de FanXoa et mastO de Bérurier Noir“. Esta mostra, dedicada ao Bérurier Noir (1983-1989), um dos grupos mais proeminentes da cena musical dos anos 1980, destaca um marco significativo: os primeiros arquivos do movimento punk francês a integrarem os acervos de uma instituição pública. Tudo isso foi possível graças à generosa doação de dois membros do grupo, Fanfan (François Guillemot) e mastO (Thomas Heuer), à BnF.

Com aproximadamente cem peças, incluindo cadernos de notas, fotografias, vídeos, acessórios de palco, cartazes e fanzines, a exposição oferece uma imersão na trajetória desse grupo de música engajado, lutando incansavelmente por sua independência. Ela não apenas celebra a criação da cena rock alternativo na França, mas também destaca a natureza coletiva e desafiadora desse movimento, que transcendeu os limites da simples produção musical.

O Bérurier Noir foi fortemente influenciado pela onda punk que varreu a França no final dos anos 1970, como evidenciado pelas vestimentas e pelo boneco punk “do it yourself” apresentados na exposição. Fundado em 1983 nos squats do 20º arrondissement de Paris pelo cantor Fanfan e pelo guitarrista Loran (anteriormente do grupo Guernica), o Bérurier Noir operava à margem da indústria musical, assumindo total controle sobre sua produção e identidade visual.

https://www.youtube.com/watch?v=UvCOTZ4qUl8

Em 1985, Thomas Heuer, conhecido como mastO, integrou o grupo como saxofonista, trazendo consigo sua experiência como membro do Lucrate Milk de 1980 a 1983. Além de músico, mastO era também fotógrafo, contribuindo para a criação dos visuais e do material promocional da banda. A exposição apresenta maquetes de cartazes, capas de álbuns como “Abracadaboum!” e “Nada 84“, desenhos originais e até mesmo o primeiro número do fanzine oficial do grupo, “Le Mouv’ment d’la jeunesse“.

Após gravar quatro álbuns, além de múltiplos singles e EPs, o Bérurier Noir encerrou suas atividades em 1989, mas realizou reuniões temporárias para shows especiais entre 2003 e 2006. Em 2015, o grupo compôs a música “Mourir à Paris” em resposta aos ataques terroristas na cidade, lançando-a no dia seguinte aos terríveis acontecimentos de 13 de novembro. Os arquivos do grupo, doados em 2021, servirão como base para um colóquio sobre a história do Bérurier Noir e do punk francês, organizado pelo projeto PIND na BnF em março de 2022.

Quase dois anos depois, a exposição abre suas portas para permitir que o público descubra os arquivos daqueles que eram conhecidos como Bérus. A entrada é gratuita e a exposição estará disponível online através do site gallica.bnf.fr a partir da primavera de 2024.

Em paralelo à exposição, três membros da formação (Fanfan, mastO e Loran), com o apoio de PariA do selo Archives de la Zone Mondiale, desenvolveram duas playlists exclusivas para a BnF e What the France. A primeira reúne as músicas favoritas do catálogo do Bérurier Noir, enquanto a segunda oferece uma seleção eclética de músicas assinadas pelos pioneiros da cena punk rock francesa, bem como por aqueles que os Bérus consideram seus herdeiros e descendentes diretos. Esta playlist promete uma viagem pela história vibrante e diversificada do punk francês, apresentando faixas de artistas como Métal Urbain, Bulldozer, Camera Silens, Lucrate Milk, Guernica, Les Olivensteins, 84 Flesh, Metal Boys, Marie et les garçons, Gasoline, Electric Callas, Parabellum, Oberkampf, La Souris Déglinguée, Washington Dead Cats, Oth, Heyoka, Dead Michel Simon, Les VRP, René Binamé, Molodoï, Masto,1Kub et les Ramoneurs de Menhirs, No Suicide Act, Los Très Puntos, J’aurais voulu, Krav Boca, Trholz, Foune Curry, Litige, Zarbi Band, Keny Arkana, Casey, La Rumeur, Sexy Sushi, Mon Dragon, Mansfield.TYA, Kompromat, Ethnopaire, Oi Boys, King Kong Meuf, Poésie Zéro, Les Clébards, Dominique A ou… Boris Vian !